Blog

A sinceridade para Deus (الاخلاص الى الله)

{Dize: Minhas orações, minhas devoções, minha vida e minha morte pertencem a Deus, Senhor do Universo} (Alcorão 6:162)

Para que a crença seja verdadeira, influencie beneficamente, a sinceridade deve acompanhar este bom entendimento. Ser sincero e puro. Em árabe e na língua do Alcorão e da Sunnah: “Al Ikhass”. Significa intencionar e objetivar todos os seus dizeres, seus atos e esforços para Deus e para agradar a Deus e alcançar sua recompensa, sem olhar para lucro, aparência, renome, adiantamento ou atraso.

{Dize: Minhas orações, minhas devoções, minha vida e minha morte pertencem a Deus, Senhor do Universo} (Alcorão 6:162)

O profeta Muhammad (que a paz e as bênçãos de Deus estejam sobre ele) nos confirma a grande importância da intenção sincera dizendo: “Certamente as obras são determinadas pelas intenções, e cada homem ganhará segundo sua intenção; assim, aquele cuja emigração for por Deus e Seu mensageiro, sua emigração será considerada como sendo pela causa de Deus e do Seu mensageiro. Porém, quem emigrar em busca de algum benefício mundano, ou em busca de um matrimônio, sua emigração será para aquilo pelo qual emigrou”.

A sinceridade não é a base de todas as ações do ser humano, é a balança pela qual são medidas as ações, se a intenção é boa, Deus por ela recompensará, e se for má, Deus Por Ela retribuirá.

Esta intenção mora no íntimo de cada pessoa e só Deus, o Onisciente, a conhece. Por isso, várias pessoas podem fazer a mesma boa ação, alguns serão condenados pelo que fizeram, mesmo sendo uma boa ação, e outros recompensados. Por quê? Pela intenção que cada um teve. Nada mais óbvio e lógico, aquele que fez algo para agradar alguém ou para obter um benefício material já conseguiu o que desejava. E aquele que fez para Deus, Deus lhe retribuirá.

{Quantas gerações temos exterminado depois de Noé! Porém, basta tão-somente que teu Senhor conheça e veja os pecados dos Seus servos. A quem quiser as coisas transitórias (deste mundo), atendê-lo-emos ao inferno, em que entrará vituperado, rejeitado. Aqueles que anelarem a outra vida e se esforçarem para obtê-la, e forem fiéis, terão os seus esforços retribuídos. (Alcorão 17:17-19)

O profeta Muhammad (que a paz e as bênçãos de Deus estejam sobre ele) ainda nos relata que: “Os primeiros entre os humanos a serem julgados no dia do juízo será um homem que morreu como mártir, Deus lhe apresentará as dádivas que lhe concedeu e este as reconhecerá. Lhe será dito: ‘O que fizeste com elas (as dádivas que lhe concedi)?’ Este dirá: ‘Lutei pela Tua causa até a morte.’ Deus dirá: ‘Mentiu! Mas o que fez para que fosse dito corajoso e Valente e assim foi dito’. Então será arrastado e jogado no fogo. E outro que obteve o conhecimento e o ensinou e leu o Alcorão, é trazido e interrogado da mesma maneira e responde: “Aprendi o conhecimento e ensinei ele, o Alcorão, por Ti”. A sentença é a mesma: ‘Mentiu! Mas obteve o conhecimento para que ele fosse dito é ‘sábio’ e leu o Alcorão para que dissessem que é leitor e assim foi dito’. Então será arrastado e jogado no fogo. E o outro que lhe foi concedido de todas as riquezas, quando interrogado da mesma maneira diz: ‘Fiz todos os tipos de caridade que Te agrada’. A sentença: ‘Mentiu’. Mas o fez para que fosse dito: ele é generoso e assim foi dito e arrastado para o inferno”.

É relatado que quando Muaiah, um dos nobres companheiros do Profeta Muhammad, que a paz e as bênçãos de Deus estejam sobre ele, ouviu estas palavras chorou até desmaiar. Quando acordou disse: “Deus e o Seu mensageiro dizem a verdade”. Disse Deus o Altíssimo:

{Quanto àqueles que preferem a vida terrena e seus encantos, far-lhes-emos desfrutar de suas obras, durante ela, e sem diminuição. Serão aqueles que não obterão não vida futura senão o fogo infernal; e tudo quanto tiverem feito aqui tornar-se-á sem efeito e será vão tudo quanto fizerem.} (Alcorão 11:15-160

E Deus no Alcorão Sagrado ainda nos fala sobre as obras dos incrédulos e idólatras:

{Então, Nos disporemos a aquilatar as suas ações, e as reduziremos a moléculas de pó dispersas.}  (Alcorão 25:23)

Isso ocorrerá por terem feito boas obras, porém, não para Deus e estas as quais fizeram, deveriam ser direcionadas somente a Deus, as fizeram ou por interesse ou por devoção a um santo, uma imagem, um ídolo, que nunca poderão recompensá-los e nem intermediar perante Deus.

{E comparecereis ante Nós, isolados, tal como vos criamos da primeira vez, deixando atrás de vós tudo quanto vos concedemos, e não veremos convosco vossos intercessores, os quais pretendíeis fossem vossos parceiros; rompeu-se o vínculo entre vós e eles, e se vos desvaneceu tudo quanto inventastes.} (Alcorão 6:94)

Sem dúvida há os que fazem as boas ações mesmo não sendo monoteístas. Sobre os que fizeram as boas ações com boa vontade e dedicação, mas não tinha uma fé correta, ou uma crença verdadeira em Deus, em todos os seus mensageiros, sendo a ele muçulmanos, o profeta Muhammad (que a paz e as bênçãos de Deus estejam sobre ele) disse: “O incrédulo ao fazer uma boa ação lhe é concedido por ela uma dádiva na vida terrena, quanto ao crente ao fazer uma boa ação, esta lhe é reservada para o dia do juízo final e lhe é retribuído também pela sua obediência na vida terrena”.

Em outro relato do mensageiro de Deus (que a paz e as bênçãos de Deus estejam sobre ele) nos mostra como a sinceridade para Deus nas nossas adorações, colhe bons frutos até mesmo nesta vida mundana, antes da vida eterna, para qual intencionamos nossas ações sinceramente para Deus.

“Em um tempo anterior ao vosso houver 3 homens que iniciaram uma marcha, chegada à noite, decidiram refugiar-se em uma gruta, porém, uma vez dentro dela, uma rocha rolou da montanha e fechou a saída da gruta. Então disseram entre eles: ‘não há como escaparmos dessa gruta, a não ser rogando a Deus, invocando nossas boas obras’. Um deles disse: ‘Deus meu, eu tinha em minha casa os meus pais e eram muito velhos. Não permitia que ninguém na minha própria família tomasse do leite recém ordenhado, antes que eles. Aconteceu que um dia me distanciei muito da casa em busca de lenha, quando eu voltei estavam dormindo, e assim ordenei as vacas no tempo em que continuavam dormindo. Não quis despertá-los, nem queria oferecer o leite a minha família ou aos servos antes que a eles, por isso fiquei esperando -vasilha em punho- que eles despertassem até que clareou o dia e meus filhos reclamaram, foi aí que meus pais despertaram e tomaram seu leite. Deus meu, se o que fiz foi em busca do Teu beneplácito, então, alivia nos dessa situação e livrar-nos desta rocha. A rocha se afastou um pouco sem que eles pudessem sair.  Disse o segundo: ‘Deus meu, tinha eu uma prima quem amava demasiadamente, tentava persuadi-la a que se entregassem a mim, mas ela se negava e num ano da grande seca veio a mim pedindo ajuda. Dei a ela 120 moedas de ouro com a condição de que não resistisse aos meus desejos e ela aceitou. Quando estava a ponto de a tomar ela exclamou: ‘tem piedade, tema Deus, não me tomes a não ser de um modo legítimo! Foi quando me retraí, mantendo o meu amor por ela e deixando com ela as moedas de ouro que havia lhe entregue. Deus meu, se o que fiz foi em busca do Teu beneplácito, então aliviar-nos desta situação.’ A rocha se afastou mais um pouco, mas ainda não podiam sair. Disse o terceiro: ‘Deus meu, havia contratado trabalhadores e lhes paguei todo o seu salário, com exceção de um, que havia partido sem nada cobrar.  Então eu investi o dinheiro com o qual rendeu grandes benefícios. Depois de um tempo aquele operário regressou, e disse: ‘Ó servo de Deus, entrega o meu salário!’ Ao que respondi: ‘tudo o que vês provém do teu salário, todos esses camelos todas essas vacas, essas ovelhas e escravos são teus’.  Ele replicou: ‘ó servo de Deus não zombe de mim!’ E respondi: ‘não estou zombando de ti’. E eis que ele levou tudo que lhe foi apresentado sem deixar nada. Deus meu, se o que fiz foi em busca de Teu o beneplácito, então alivia-nos dessa situação. Foi aí que a rocha se afastou de vez, e aqueles homens saíram caminhando.”

Esta é a base da construção saudável que precisamos ter, a pura sinceridade e a intenção, voltada somente para Deus, ao aprender e entender, para que nossas ações tenham uma base sólida e verdadeira.

A ausência do entender e da sensibilidade, fez o homem se desviar. Alguns têm pleno conhecimento, porém, na hora de praticar este conhecimento, tropeçam na falta de sinceridade para Deus. Outros tem sinceridade para dar e vender, porém, a falta de entendimento neutraliza esta sinceridade e a deixa morrer.

Por isso, antes de seguirmos na nossa construção, devemos firmar o passo do entendimento e saber e o posso da sinceridade para que os próximos passos sejam corretos e válidos…

Disse Deus, o Altíssimo: {Dize: Sou tão-somente um mortal como vós, a quem tem sido revelado que o vosso Deus é um Deus único. Por conseguinte, quem espera o comparecimento ante seu Senhor que pratique o bem e não associe ninguém ao culto d’Ele.}  (Alcorão 18:110)

No versículo acima Allah, o Altíssimo, alerta a quem se preocupa com o comparecimento ante Ele e teme por suas ações e lhes diz: Se esperam me encontrar…

  • Que pratiquem o bem, que abrange o entender, pois não podemos saber qual é o bem e como fazemos a não ser entendendo o Alcorão. Por isso, os sábios dizem: a primeira condição para que as nossas ações sejam aceitas é fazê-las de acordo com o que o profeta Muhammad (que a paz e as bênçãos de Deus estejam sobre ele) nos ordenou, segui-lo e abster-se do que ele proibiu. {Aceitai, pois, o que vos der o Mensageiro, e abstende-vos de tudo quanto ele vos proíba. E temei a Deus, porque Deus é Severíssimo no castigo.} (Alcorão 59:7)

E não associe ninguém no culto a Ele, menção à sinceridade, que é a base das ações e a segunda condição para aceitação das ações.

Sheikh Ahmad Mazloum – Passos no caminho da Felicidade.

Artigos relacionados

Deixe um comentário

Verifique também
Fechar
Botão Voltar ao topo