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Quem são os estranhos?

"Os muçulmanos são estranhos entre a humanidade; os verdadeiros crentes são estranhos entre os muçulmanos..."

O Profeta, que a paz e as bênçãos de Deus estejam sobre ele, disse: “O Islam começou como algo estranho e retornará como algo estranho. Então, dê boas novas aos estranhos.” (Sahih Muslim)

Perguntaram: “Quem são esses estranhos, Ó Mensageiro de Deus!” Ele respondeu: “Aqueles que corrigem as pessoas quando elas se tornam corruptas.” (Relatado por Abu Amr al-Dani, a partir do hadith de ibn Masoud) Em outra narração ele respondeu à mesma pergunta: “São um pequeno grupo de pessoas entre uma população grande e má. Aqueles que se opõem a eles são em maior número do que aqueles que os seguem.” (Relatado por ibn Asaakir)

Quem são os estranhos?  Sou eu ou você ou os vizinhos. São as pessoas na mesquita ou a outra mesquita?  Somos todos nós ou nenhum de nós?  Os estranhos são os que se converteram ao Islam?  Ou os que nasceram muçulmanos e deixam crescer a barba ou colocam um lenço pela primeira vez?  Acho que muitos de vocês concordarão que ser muçulmano o torna bem familiarizado com ser estranho.

Muitos convertidos ao Islam contarão sobre se sentir como se fossem estranhos, antes de encontrar o Islam.  Falarão sobre o sentimento de pertencerem a algum outro lugar, que suas vidas estavam ligeiramente descentralizadas.  Frequentemente falam sobre uma sensação vaga de saber que não eram como as outras pessoas ao redor, se sentindo como um estanho em uma terra estranha.  Converter-se ao Islam dá uma sensação de volta para casa, de finalmente ser normal, embora algumas vezes ainda em uma terra estranha.

Não demora muito para que algumas pessoas sintam que ainda continuam estranhas e para que comecem a se perguntar se esse sentimento de nunca estar à vontade, ou em casa, algum dia terminará.  Alguns concluem que não, pelo menos até que estejam em sua verdadeira casa, o Paraíso.  Esse sentimento não é restrito aos que se convertem ao Islam. Frequentemente aqueles que nascem na religião do Islam tem um sentimento de não pertencimento, de estar fora do lugar, de não se encaixar, de ser estranho.

Não somos os primeiros ou únicos muçulmanos a ponderar sobre nossa estranheza.  Os primeiros muçulmanos em Meca devem ter olhado para suas irmãs, pais e tias e se perguntado por que não conseguiam enxergar a verdade.  Por que não viam que Muhammad era o Mensageiro de Deus?  Encontrar e aceitar a verdade é uma bênção maravilhosa, mas frequentemente a sensação de estranheza permanece.  E isso não é uma coisa ruim.

O reconhecido sábio muçulmano Ibn Qaim disse: “Os muçulmanos são estranhos entre a humanidade; os verdadeiros crentes são estranhos entre os muçulmanos e os sábios são estranhos entre os verdadeiros crentes.  E os seguidores da Sunnah, aqueles que abandonam todas as formas de inovação, também são estranhos”.

A estranheza que sentimos é uma sensação que foi compartilhada pelos profetas e mensageiros ainda antes do Profeta Muhammad.  O Profeta Noé pregou a palavra de Deus ao seu povo por 950 anos e ainda assim era rejeitado e ridicularizado.  Os Profetas Lot, Abraão e Jonas foram perseguidos e humilhados. O profeta Moisés foi rejeitado não apenas pelo Faraó, mas também por seu próprio povo quando negaram seu chamado e adoraram o bezerro de ouro, ao invés de Deus.  O Profeta Jesus e seus discípulos foram ridicularizados quando escolheram adorar somente a Deus e certamente devem ter sentido a estranheza que sentimos hoje.

 Ibn Qaim sugeriu que havia três níveis de estranheza.

O primeiro ele chamava de “estranheza louvável”, que é o resultado de aderir à crença no Deus Único.  É a estranheza daqueles que dizem não há divindade exceto Allah e Muhammad é Seu mensageiro.  É uma estranheza reconfortante, que vem de saber que não há ajuda, exceto a de Deus.  Ele (Deus) diz que a maioria da humanidade não segue a verdade.  Aqueles que adoram a Deus de maneira verdadeira e correta serão os estranhos entre a humanidade.

{Se obedeceres a maioria dos seres da terra, eles desviar-te-ão da senda de Deus.} (Alcorão 6:116)

{Porém, a maioria dos humanos, por mais que anseies, jamais crerá.} (Alcorão 12:103)

{E verdadeiramente muitos homens são rebeldes e desobedientes (a Deus).} (Alcorão 5:49)

{Porém, a maioria dos humanos não Lhe agradece.} (Alcorão 12: 38)

Quanto ao segundo tipo de estranheza, “estranheza condenável”, Ibn Qaim disse há 600 anos palavras que são pertinentes ainda hoje.

“Sua estranheza é devido à sua recusa de seguir o caminho reto e correto de Deus. Essa estranheza é a estranheza de não estar em conformidade com a religião do Islam e, como tal, permanecerá estranha mesmo que seus seguidores sejam numerosos, seu poder seja forte e sua existência disseminada. Esses são os estranhos para Deus. Que Deus nos previna de nos tornarmos um deles.”

A terceira categoria é a estranheza que o viajante sente.  Não é louvável e nem condenável. Como quando uma pessoa mora em um lugar por um curto período de tempo sabendo que tem que se seguir em frente, se sente estranha, como não se pertencesse a lugar nenhum.

Somos todos estranhos nesse mundo porque iremos um dia para nossa morada permanente na Outra Vida.  Compreender isso significa que compreendemos o que Ibn Qaim chamou de estranheza louvável.

O profeta Muhammad (que a paz e as bênçãos de Deus estejam sobre ele) disse: “Viva nesse mundo como um estranho ou viajante.” A estranheza que é sentida por muitos muçulmanos geralmente é algo bom.  Pode ser aquela estranheza louvável que confirma nosso amor por Deus e Seu mensageiro.  Relembra-nos de viver nossas vidas como se fossemos viajantes em uma parada, esperando Deus nos chamar para casa, para nossa morada final.

Adaptado de Islam Religion.

 

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